felix mendesNascimento: 14 de fevereiro de 1944, em Estância/SE

Falecimento: 13 de abril de 2013, em Aracaju/SE

 

Félix Mendes nasceu na cidade de Estância/SE, mas morou em vários Estados do Brasil e em alguns países da América Latina. Em 1950, mudou-se com a família para Aracaju/SE, onde estudou do primário ao científico. Autodidata, seus primeiros desenhos datam de 1956 e foram expostos no Colégio Americano Batista, onde estudava à época.

Djanira, Álvaro Santos e, em especial, Florival Santos são lembrados e citados pelo artista como fontes de influência. De Florival Santos, recebeu, além de incentivo, orientação técnica para o desenvolvimento de sua arte.

Seu primeiro emprego público foi como vendedor de selos nos Correios. Ativista atuante no movimento estudantil, participou da União Sergipana dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes e, em 1964, foi delegado da UBES em Sergipe, em plena efervescência do golpe militar, atitudes que o levaram à prisão.

Antes de se dedicar exclusivamente à pintura, trabalhou como jornalista para os jornais Tribuna da Imprensa no Rio de Janeiro, Gazeta de Notícias do Rio e Correio do Povo.

Em 1973, participou de exposição coletiva no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e, no ano seguinte, realizou a sua primeira individual, na Galeria de Artes Álvaro Santos em Aracaju/SE. Em busca de melhores condições para desenvolver a sua arte, em 1974, mudou-se para o Rio de Janeiro/RJ e trabalhou no atelier do irmão, o também artista Ubirajara, a quem reconhece importância fundamental em sua carreira. No Rio de Janeiro, costumava expor os seus quadros nas ruas e nas praças daquela cidade, até que um dia, o jornalista gaúcho Osmar Flores o descobriu e o projetou.

A arte de Félix Mendes já percorreu diversos rincões pelo Brasil afora, pois expôs, além de Aracaju/SE, no Rio de Janeiro/RJ e em Brasília/DF. No exterior, realizou exposição na Itália, na Argentina e na Galeria Itas Enramana, no Paraguai.

Pintor de traços primitivistas, soube, por excelência, como ninguém, traduzir o colorido e a alegria das festas, folguedos e tradições populares de Sergipe. Talentoso e perfeccionista, em sua pintura, de característica naif, a cor, com predominância dos tons primários, tem papel de protagonista principal, por isso notabilizou-se fazendo temas folclóricos, regionais e paisagens turísticas do Rio de Janeiro.

Félix Mendes, também, trilhou no universo musical como compositor. Como produtor cultural, na sua temporada carioca, foi grande divulgador dos festejos juninos de Estância/SE. De volta a Sergipe, foi Secretário de Cultura Municipal de Estância/SE e, em Aracaju/SE, tornou-se conhecido como organizador do forró e do natal da Rua Siriri.

Segundo o crítico Walmir Ayala, Felix Mendes “é um homem documento, inscrito na paisagem urbana ou rural na festa, no folguedo, no trabalho, no artesanato, na fantasia e na agrura. Todos os elementos ambientais destas realidades lembradas por Félix Mendes com lirismo estão presentes nos quadros, com o mesmo valor plástico dos rostos, das mãos, dos gestos e posturas. Pode-se dizer que o biótipo de um boi de bumbá é tão humano quanto o místico acompanhante ou o montador da burrinha. A intensidade deste nivelamento visual é notável nesse pintor que quer emocionar filtrando o espírito comunitário, fazendo dele um logotipo cheio de cor, de fitos, de formas decorativas”.

 Por Mário Britto

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Nascimento: 16 de outubro de 1907, Propriá/SE

Falecimento: 26 de setembro de 1999, Aracaju/SE

Autodidata, ainda criança já revelava aptidão artística. Em 1927, com 20 anos, muda-se para Aracaju em busca de melhores condições, e, dois anos mais tarde, morou no Rio de Janeiro para seguir carreira militar.

Florival, assim como o irmão mais novo, o artista Álvaro Santos, nasceu às margens do Rio São Francisco, o que o levou, na juventude, a ser um exímio nadador.

Em grande parte de suas obras encontramos remanescências das memórias do “velho chico” com as suas canoas de proa com velas coloridas, os plantadores de arroz, os pescadores puxando redes de arrasto, os catadores de conchas, de siris e de massunins.

Em sua diversificada iconografia, retratou com muita precisão a fome dos retirantes, a dor dos flagelados e a miséria dos ribeirinhos que moram nas palafitas. Mesmo em um cenário de extrema pobreza, a sua obra se apresenta rica graças ao seu talento e a sua apurada técnica.

Sua obra “Retirantes” pertence ao acervo do Vaticano (Itália). Além desta, possui trabalhos em diversas instituições públicas, como o Museu de Histórico de Sergipe, na cidade São Cristóvão, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o Instituto Dom Luciano Duarte, Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, Prefeitura Municipal de Aracaju, além de outros órgãos do Estado.

Pintou a tímida Aracaju da década de trinta, a antiga ponte da Atalaia, a praia Formosa, a rua da Frente, Carro Quebrado. Como acadêmico, imortalizou a sua obra retratando políticos e autoridades sergipanas, cujo acervo encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, e, em uma linguagem mais modernista, fez marinhas inspiradas em Propriá e a série Xangô, fases que merecem destaque em sua iconografia.

A sua casa, onde também exercia o seu ofício, era ponto de encontro dos amantes das artes, bem como dos consagrados artistas com os jovens aspirantes. Costumava trocar correspondências com Jordão de Oliveira e recebia Jenner Augusto sempre que ele seguia para Aracaju.

Realizou diversas exposições, ocorrendo a primeira individual em 1933, na Associação Comercial de Sergipe. Na década de 60, expôs individualmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Salvador e em Brasília. De forma unânime, ganhou o concurso para a escolha do brasão de Aracaju, em 1955, por ocasião do centenário da cidade. Em 1966, assumiu o primeiro mandato de Diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE.

Pelo conjunto de sua obra, recebeu diversas homenagens, a exemplo da “Medalha de Honra ao Mérito Inácio Joaquim Barbosa”, da Prefeitura de Aracaju. A Universidade Federal de Sergipe também o laureou dando o seu nome à galeria de arte do Centro de Cultura e Arte – Cultarte.

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Artista do Mês - JOUBERT MORAESNascimento: 13 de dezembro de 1947, em Propriá/SE.

Nascido no seio de uma família de artistas: o pai, poeta e escritor; a mãe, cantora e bordadeira, ambos apaixonados por música e literatura, não demorou para Joubert despertar-se para o universo artístico. Aos treze anos, já começava a esboçar os primeiros desenhos. Sua irmã Gêlda Maria era pintora e, desistindo do ofício, deu ao irmão mais novo todo o seu material de trabalho.

Na adolescência, já imerso no meio das artes, Joubert começava a tomar conhecimento e gosto pela pintura. Tinha o hábito de visitar Galerias de Arte, comparecia a todas as exposições e frequentava, assiduamente, os ateliês dos mestres J. Inácio e Florival Santos.

Mais tarde, no final dos anos sessenta, impulsionado pelas mudanças dessa pujante e revolucionária década e em busca de aperfeiçoamento técnico, Joubert foi morar em Salvador/BA, onde fez o curso livre de arte, oferecido pela tradicional Escola de Belas Artes. Lá estudou com o renomado desenhista Juarez Paraíso, por quem tem uma grande admiração e confessa ter sido o artista que mais o influenciou.

Nessa mesma época, em Salvador, faz as primeiras excursões pela abstração, conhece o pintor russo Lev Smarscheviski e compartilha conhecimentos com os artistas Aleixo Belov, Luiz Jasmim, Tatty Moreno, Fernando Coelho.

De volta a Aracaju, em 1968, Joubert realiza a sua primeira exposição individual na Galeria de Arte Álvaro Santos. Foram trinta obras, com diversos temas, dentre eles marinhas, casarios, alagados, abstratos e figurativos.

Em meados dos anos 70, Joubert dirigiu o espetáculo teatral “Vôos Mitos Coloridos” dando início a mais um viés de seu talento artístico – a arte performance. Em 1975, realiza na Igreja do Solar do Unhão uma marcante exposição prestigiada pelos artistas e pela a elite da sociedade baiana. Registra, ainda, como momento de muita emoção em sua carreira, a pintura da Igreja matriz da cidade de São Francisco do Conde/BA.

O Festival de Artes de São Cristóvão – FASC – uma idealização da Universidade Federal de Sergipe, também foi palco para Joubert revelar o seu talento. Em 1976, por ocasião da quinta edição, ele revolucionou o importante encontro cultural expondo em uma igreja abandonada. Participaram dessa inusitada e inovadora exposição, denominada “Circo Mágico”, fotógrafos, músicos, poetas e dançarinos.

Nos anos oitenta, Joubert realiza, em Salvador/BA, outra exitosa Mostra no antigo Hotel Meridien, hoje Pestana. Nos idos de 1990, expõe em Aracaju, Salvador e Porto Alegre. Atualmente, Joubert participa, regularmente, de exposições individuais e/ou coletivas em diversas cidades brasileiras.

Artista premiado, recebeu o Prêmio Horácio Hora de Artes Plásticas. Em dezembro de 1984, ganhou o Prêmio J. Inácio, do Salão Nuarte, concedido pela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, com uma escultura em parafina rósea denominada “Cor Nua”. Em 2006, Joubert realiza, sob encomenda, a monumental obra “Holoformas”, entregando-a, em dezembro do mesmo ano, à Galeria de Arte AMA, em Aracaju/SE.

As obras de Joubert estão espalhadas pelo Brasil e em vários países do mundo, como EUA, Peru, França, Portugal, Espanha, Senegal etc. Elas povoam residências, órgãos públicos, instituições privadas, prédios, museus, escolas, escritórios, mas, sobretudo, estão na memória e no coração do povo sergipano.

Para Joubert, o importante na obra não é a forma, a técnica ou a aparência visual final do trabalho, o que vale para o artista é a ideia, o conceito, o que ele quer dizer. E, como poucos, seja com um pincel, com os dedos ou com um lápis, com tintas ou notas musicais, ele sabe expressar-se – diz sabendo o que quer dizer -, porque transcende para a arte que faz toda a emoção que o domina.

Para o artista, o que importa é se expressar livremente, sem amarras ou regras. Arte e liberdade são partes de um mesmo todo, uma se alimenta da outra. É como o pavio, da cera; o pássaro, do canto; a boemia, da noite. Em quaisquer de suas formas de expressão, Joubert as faz com paixão e muita dedicação.

Vanguardista, Joubert está e, sempre esteve, à frente do seu tempo. Sua opulenta obra é individualizada, possui estilo próprio que o denuncia ao primeiro olhar. Ainda que preencha a bidimensionalidade da tela, Joubert sempre reserva ao observador um espaço extra para que ele se transponha para a obra, interaja com a arte e, de pronto, estabeleça um franco diálogo com ela, dando, afinal, à pintura um senso de tridimensionalidade.

Pessoas reais ou fictícias, camufladas entre nebulosas nuvens e esvoaçantes coqueiros; paisagens surrealistas, lembranças da suave brisa que sopra os coqueiros da Praia da Atalaia e as alvas dunas do Abaís e autorretratos, numa figuração metafísica, caracterizam a sua inconfundível arte pictórica.

Joubert tem uma relação completa e visceral com a arte, que a realiza com apurado gosto e aptidão. Toca violão com a mão direita, pinta com a esquerda, e, com ambas, faz as esculturas.

Assim, em razão da vocação variada para a arte, Joubert tem uma carreira rica e diversificada: pintura, desenho, escultura, música, cenografia, poesia, produção e direção de espetáculos e shows são, apenas, punhados da sua arte e partes de seu multifacetado talento.

Por Mário Britto

 

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josé limaJosé Lima, pintor, gravador e professor, assinava J. Lima. 

Há muitas dúvidas quanto à sua naturalidade e poucos são os seus registros bibliográficos. Todos querem a cidadania desse extraordinário artista que se notabilizou fazendo uma pintura muito própria e permeada de fé e religiosidade. 

Em sua rica e bela iconografia, que o denuncia ao primeiro olhar, encontramos paisagens, alguns retratos, mas, essencialmente, interiores de igrejas, de sacristias e de capelas, além de átrios de conventos e claustros de mosteiros com suas imponentes colunas arqueadas pelas quais incide uma luz natural de rara beleza e perfeição técnica. 

A verdade é que J. Lima nasceu na cidade de Altamira, Bahia no ano de 1910 e morreu em Salvador em 1980, mas tinha paixão por Sergipe, razão pela qual o povo sergipano lhe credita naturalidade. 

Morou em Salvador e estudou na Escola de Belas Artes da Bahia com o respeitado professor e pintor Prisciliano Silva, com o mestre aprendeu o desenho técnico, a exata perspectiva, as nuances das cores entre o seu claro e o seu escuro, a luminosidade da luz, a escuridão das trevas. 

Dentre outras cidades morou no Rio de Janeiro, em Recife e em Aracaju, urbes privilegiadas com a sua passagem, pois, por onde passou Zé Lima fez um importante registro sacro histórico das igrejas, dos mosteiros e dos conventos. 

Sua obra de expressiva temática religiosa, além de beleza singular serve hoje de referência para estudos de restaurações desses ambientes bem como para a recuperação de móveis e objetos de decoração utilizados na época. 

Conforme afirma Heloísa Aquino, Zé Lima “Amava o belo e a vida e dizia que ao morrer fosse colocado em sua lápide: AQUI JAZ O PINTOR JOSÉ LIMA, MUITO A CONTRAGOSTO”.

Por Mário Britto

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Última atualização: 31/08/2015 10:03.