21/12/2015, 08:54

Artista do Mês de Dezembro: Félix Mendes


felix mendesNascimento: 14 de fevereiro de 1944, em Estância/SE

Falecimento: 13 de abril de 2013, em Aracaju/SE

 

Félix Mendes nasceu na cidade de Estância/SE, mas morou em vários Estados do Brasil e em alguns países da América Latina. Em 1950, mudou-se com a família para Aracaju/SE, onde estudou do primário ao científico. Autodidata, seus primeiros desenhos datam de 1956 e foram expostos no Colégio Americano Batista, onde estudava à época.

Djanira, Álvaro Santos e, em especial, Florival Santos são lembrados e citados pelo artista como fontes de influência. De Florival Santos, recebeu, além de incentivo, orientação técnica para o desenvolvimento de sua arte.

Seu primeiro emprego público foi como vendedor de selos nos Correios. Ativista atuante no movimento estudantil, participou da União Sergipana dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes e, em 1964, foi delegado da UBES em Sergipe, em plena efervescência do golpe militar, atitudes que o levaram à prisão.

Antes de se dedicar exclusivamente à pintura, trabalhou como jornalista para os jornais Tribuna da Imprensa no Rio de Janeiro, Gazeta de Notícias do Rio e Correio do Povo.

Em 1973, participou de exposição coletiva no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e, no ano seguinte, realizou a sua primeira individual, na Galeria de Artes Álvaro Santos em Aracaju/SE. Em busca de melhores condições para desenvolver a sua arte, em 1974, mudou-se para o Rio de Janeiro/RJ e trabalhou no atelier do irmão, o também artista Ubirajara, a quem reconhece importância fundamental em sua carreira. No Rio de Janeiro, costumava expor os seus quadros nas ruas e nas praças daquela cidade, até que um dia, o jornalista gaúcho Osmar Flores o descobriu e o projetou.

A arte de Félix Mendes já percorreu diversos rincões pelo Brasil afora, pois expôs, além de Aracaju/SE, no Rio de Janeiro/RJ e em Brasília/DF. No exterior, realizou exposição na Itália, na Argentina e na Galeria Itas Enramana, no Paraguai.

Pintor de traços primitivistas, soube, por excelência, como ninguém, traduzir o colorido e a alegria das festas, folguedos e tradições populares de Sergipe. Talentoso e perfeccionista, em sua pintura, de característica naif, a cor, com predominância dos tons primários, tem papel de protagonista principal, por isso notabilizou-se fazendo temas folclóricos, regionais e paisagens turísticas do Rio de Janeiro.

Félix Mendes, também, trilhou no universo musical como compositor. Como produtor cultural, na sua temporada carioca, foi grande divulgador dos festejos juninos de Estância/SE. De volta a Sergipe, foi Secretário de Cultura Municipal de Estância/SE e, em Aracaju/SE, tornou-se conhecido como organizador do forró e do natal da Rua Siriri.

Segundo o crítico Walmir Ayala, Felix Mendes “é um homem documento, inscrito na paisagem urbana ou rural na festa, no folguedo, no trabalho, no artesanato, na fantasia e na agrura. Todos os elementos ambientais destas realidades lembradas por Félix Mendes com lirismo estão presentes nos quadros, com o mesmo valor plástico dos rostos, das mãos, dos gestos e posturas. Pode-se dizer que o biótipo de um boi de bumbá é tão humano quanto o místico acompanhante ou o montador da burrinha. A intensidade deste nivelamento visual é notável nesse pintor que quer emocionar filtrando o espírito comunitário, fazendo dele um logotipo cheio de cor, de fitos, de formas decorativas”.

 Por Mário Britto