1Artista do mês de outubro Fábio PamplonaNascido no dia 19 de setembro de 1978, na cidade do Bom Jesus do Itabapoana/RJ, ainda criança, Fábio Pamplona tinha fascínio pelos livros de artes, em especial, pelos de fotografia. Encanta-se com os desenhos, as aquarelas e os óleos sobre tela feitos pela sua mãe. Desde que ganhou a primeira câmera, fez dela a sua companheira inseparável, mantendo-a sempre às mãos, pronto para entrar em ação. Em 1993, mudou-se com a família para Aracaju, onde estudou, aprimorou técnica e iniciou a sua carreira de fotógrafo. Em 1997, volta a Niterói e ingressa na Faculdade de Cinema da Universidade Federal Fluminense. Em 2005, retornou a Aracaju, e desde 2009, mora no Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de Fotografia, na Faculdade de Fotografia da Universidade Estácio de Sá.

 Atento às modernidades tecnológicas, atraído pelo belo e focado no universo fashion, em 1996 Fábio Pamplona realizou os primeiros trabalhos profissionais. Possuidor de um criterioso senso estético, fruto de muitos estudos e intercâmbio com outros fotógrafos, tem em seu portfólio importantes campanhas publicitárias no eixo Aracaju/Rio de Janeiro/São Paulo.

 Influenciado por diferentes artistas de vários segmentos, como: Andy Warhol, Robert Mapplethorpe, Van Gogh, Picasso, Miró, René Magritte, Federico Fellini, Toulouse Lautrec, Madonna, Michael Jackson, Walt Disney, Richard Avedon, Ansel Addams, Sebastião Salgado, Pierre et Gilles, Akira Kurosawa e o sergipano Leonardo Alencar, Fábio Pamplona criou um estilo eclético e pontuado na admiração aos seus ídolos, em especial, David LaChapelle e Mario Testino.

 Experiente na mistura de técnicas, Fábio Pamplona realiza um trabalho contemporâneo, no qual cores, texturas, ideias, conceitos, sensações e elementos geométricos se mesclam e se completam. Profissional requisitado por celebridades, vem fazendo trabalhos em diversas áreas. Além das fotos que constituem o seu acervo pessoal, formado ao longo de sua carreira, Fábio Pamplona possui obras em várias coleções particulares e em locais públicos, a exemplo da Biblioteca Pública Epifânio Dória e do restaurante Chateou Blanc, ambos em Aracaju.

 Em 1996, participou de oficina de fotografia com a professora Eliane Velozo, promovida pela CULTART/PROEX/UFS, em Aracaju; em 1998, participou de curso de Linguagem Fotográfica, no Curso da Faculdade de Cinema da Universidade Federal Fluminense, em Niterói.

 Entre as muitas exposições de que participou, destacam-se as coletivas realizadas: em 2001, no Espaço da Arte, na Sociedade Médica de Sergipe (SOMESE), em Aracaju; em 2006, no Cantinho da Arte da Unimed, em Aracaju; em 2012, no Shopping Boulevard, “Dentistas do Bem”, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro; e, em 2013, “Poéticas Visuais”, com curadoria de Cláudia Lewinsohn, no Espaço Cultural Evandro Teixeira, no Rio de Janeiro.

 Durante as comemorações do Ano da França no Brasil, em 2009, realizou, em Aracaju/SE, as seguintes exposições: “Paris1`Q1 d´Amour”, no Shopping Jardins; a convite do Vice-Consulado da França em Sergipe: “Paris d´un Jour”, na Biblioteca Pública Epifânio Dória e “Paris de Toujours”, na Galeria J. Inácio, na Biblioteca Pública Epifânio Dória. Em setembro de 2013, participou da exposição coletiva “Coleção Mário Britto, um sentir sobre as Artes Visuais em Sergipe”, com curadoria de Mário Britto.

Por Mário Britto

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Rosa Moreira FariaRosa Moreira Faria, professora, artista, pesquisadora, telegrafista, jornalista, taquígrafa e poeta, nasceu no dia 28 de abril de 1917, em Capela/SE e faleceu no dia 1º de maio de l997, em Aracaju/SE

Descendente de portugueses, filha de pai artista, Rosa Faria, autodidata, desde tenra idade já manifestava vocação para as artes. Em sua terra natal, cursou o primário no grupo Escolar Coelho e Campos e o ginásio no Colégio Imaculada Conceição, onde recebeu o diploma de normalista. Em 1942, iniciou sua careira de professora no povoado de Boa Vista, em Capela/SE.

No ano de l946, mudou de sua terra natal para Aracaju/SE e, em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro/RJ, onde fez curso de artes plásticas no Departamento Nacional do Serviço de Aprendizagem Industrial e de Extensão Universitária Sobre Psicologia do Adolescente na Universidade do Brasil. Em l952, fez curso de desenho para ensino. Em l953, ministrou, em Petrolina/PE, curso Nacional Para Jovens de Artes Aplicadas. Em 1956, concluiu curso didático pela Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe.

Em 1955, Rosa Faria foi laureada com o primeiro lugar em concurso realizado pela Prefeitura de Aracaju em comemoração ao Centenário de cidade. Admirada pelo povo sergipano em razão do seu relevante trabalho na preservação de nossa história, recebeu diversas comendas e medalhas, como Honra ao Mérito, da Prefeitura de Aracaju, Medalha Amiga da Marinha, Medalha Amiga do Exército, Mérito Serigy, nos graus de Cavaleiro e Comendador e o Título de Cidadã Aracajuana, concedido pela Câmara Municipal de Aracaju.

 Membro fundadora da Associação Sergipana de Imprensa, Rosa Faria presenteou a entidade com uma importante coleção de pinturas óleo sobre tela e sobre madeira. Poeta, pesquisadora e escritora, constam, ainda, em seu curriculum, as seguintes publicações: em 1947, a biografia de Dom José Thomaz Gomes da Silva, em forma de calendário; em 1948, Sinopse Biográfica do Monsenhor Carlos Costa e, em 1995, o álbum histórico, composto por 122 placas de cerâmicas, intitulado: “Sergipe Passo a Passo pela sua História”. É autora das comendas “Gumercindo Bessa”, feita para o Tribunal de Contas e a “Tobias Barreto”, para a Procuradoria da Justiça.

Em 17 de março de l968, foi fundado o “Museu de Arte e História Rosa Faria” para albergar a sua obra composta por pinturas em azulejos, em porcelanas, em pratos, alguns bordados com fio de ouro e óleo sobre tela e sobre madeira que retratam, através de pesquisa de documentos, em fatos e fotos a história de Sergipe.

Desde l997, após a morte de Rosa Faria, o acervo do museu foi transferido para o Memorial de Sergipe, pertencente à Universidade Tiradentes-UNIT, em Aracaju/SE. Pelo seu legado à cultura, à arte e à história de Sergipe, declarou o magnífico reitor da Universidade Tiradentes, Professor Jouberto Uchoa: “Rosa Faria dedicou toda a sua vida a preservar a memória do Estado, essa pessoa, que era de uma situação econômica e financeira pequena, deixou e renunciou aos prazeres, para que a história de Sergipe ficasse registrada e marcada por esse monumento que nós temos aqui”.

por Mário Britto

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Artista do mês de agosto JinacioJosé Inácio Alves de Oliveira nasceu no dia 11 de junho de 1911, no povoado Bolandeira, em Arauá/SE; e, faleceu no dia 1º de agosto de 2007, em Aracaju/SE. Pintor e caricaturista iniciou sua trajetória nas artes aos dezoito anos de idade, ao interpretar Judas em um auto encenado na Semana Santa, na Colina do Santo Antônio. Um ano depois, começou a sua carreira como pintor, tendo como seu primeiro mestre o pintor e matemático Quintino Marques. Trabalhou para jornais e revistas e, ainda, vendeu poemas nas ruas com o pseudônimo de Inácio Ventura.

Recebeu do Governo Augusto Maynard uma bolsa para estudar na tradicional Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, ficando lá, apenas, pouco mais de um ano. Sua formação artística foi no laboratório da vida, na experiência vivida, nas dificuldades do dia a dia. Fez grande amizade com o mestre Jordão de Oliveira, seu professor em sua rápida passagem pela Escola de Belas Artes e grande incentivador. Dele, J.Inácio recebia ensinamentos, conselhos, material para pintura e guarida em sua casa, na Ilha do Governador.

 Sua primeira exposição data de 1931, na antiga Biblioteca Pública de Aracaju. Em 1940, no Rio de Janeiro, realizou uma exposição individual no Liceu de Belas Artes. Ainda no Rio, no Salão de Artes Plásticas do Rio de Janeiro, logrou prêmios como a medalha de bronze, em 1943 e Menção Honrosa, em 1944.

J. Inácio é um dos mais queridos e populares artistas sergipanos, recebeu muitas homenagens em vida e continua a recebê-las após a sua morte. Em 1981, emprestou o seu nome para a Galeria de Arte da Biblioteca Pública Epifânio Dórea. Em 2004, em comemoração aos seus 93 anos, a Sociedade Semear realizou a mostra “Visitando J. Inácio”, com a participação de 21 artistas sergipanos, convidados pelo próprio J. Inácio, para elaboram uma releitura de sua rica obra.

Em 2010, J. Inácio foi festejado como patrono do 19º Salão dos Novos, promovido pela Galeria de Artes Álvaro Santos, com curadoria de Luiz Adelmo. Em 2011, em comemoração alusiva aos 100 anos de nascimento do pintor, o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, realizou uma exposição em sua homenagem, no Espaço Cultural Ministro Carlos Ayres Britto. Na ocasião foi relançado o livro “Vida e Obra de J. Inácio”, de autoria de Wagner Ribeiro. Em 2012, participou, – in memoriam – , da coletiva “Coleção Mário Britto”, edição especial Mostra Aracaju.

A pintura de J. Inácio passa por uma subliminar linguagem expressionista. A irreverência do artista, aliada à sua inquietude, fê-lo um artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas. Suas obras, realizadas com pinceladas firmes, rápidas e certeiras têm um colorido muito exclusivo, são cores vibrantes e luminosas, com predominância dos verdes e amarelos.

Entre as suas maiores fontes de inspiração estavam as garças, as jaqueiras, as casas de farinha, os pântanos, as paisagens urbanas e rurais de diversos municípios sergipanos, retratos de amigos e personalidades. Suas bananeiras, objeto de desejo de todos os colecionadores, são o símbolo maior de sua iconografia.

 A simpatia pessoal de J. Inácio, a sua forma simples e particular de ter vivido e os muitos galanteios que fazia às moças o tornaram uma figura icônica e amada em Sergipe. Com uma vida totalmente dedicada à arte, J. Inácio, o irmão mais novo do legendário Padre Pedro, encantou a todos com as suas pinturas, não sem razão, afirmou o jornalista e historiador Luiz Antônio Barreto, em seu rol das efemérides de 2011, “aplaudido pela crítica e pelo público, J. Inácio colocou as cores locais nas suas telas, estabelecendo uma identidade que marca a sua contribuição às artes em Sergipe”.

Por Mário Britto

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JenneraugustoNatural de Aracaju, filho de Augusto Esteves da Silveira e Maria Catarina Mendes da Silveira, Jenner Augusto da Silveira, pintor, desenhista, escultor, cartazista, ilustrador e gravador nasceu no dia 11 de novembro de 1924 e faleceu no dia 03 de março de 2003, em Salvador/BA.

Com apenas seis meses de idade, Jenner ficou órfão de pai. A precoce ausência do genitor, a origem humilde e as adversidades de uma vida difícil não o desviaram de sua vocação, percebida, desde tenra idade, nos muitos desenhos e rabiscos escolares que fazia. Antes de fixar residência em Salvador, Jenner Augusto morou em Sergipe nas cidades de Rosário, São Cristóvão, Itabaianinha, Lagarto, Aracaju e Laranjeiras, onde copiou e recopiou inúmeras vezes os quadros do seu primeiro ídolo, Horário Hora.

Em 1945, realizou em Aracaju a sua primeira exposição. Em 1947, já mais entrosado no ambiente artístico da cidade, participou de algumas mostras coletivas e, finalmente, em 1948, após a realização de sua segunda exposição, substituiu os padrões acadêmicos pela perspectiva do modernismo.

Em 1949, morando em Aracaju, sob forte influência do modernista Portinari, seu segundo mestre, e motivado pelos movimentos de renovação das artes, pintou, graciosamente, as paredes do Cacique Chá com murais baseados em cenas históricas, no folclore e nos costumes de Sergipe. Esse trabalho é considerado como o marco da estética moderna em Sergipe.

Ainda em 1949, aconselhado por Portinari a estudar mais o desenho, transfere-se para a Bahia. Em oposição à Escola Acadêmica, participou do polêmico núcleo renovador da arte baiana, constituído por Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim e Mirabeau Sampaio.

Inserido no forte movimento de renovação das artes, fez grandes amizades, a exemplo dos irmãos James e Jorge Amado, Raimundo Oliveira, Pancetti, Carybé, Mario Cravo Junior, Zé de Dome, Mirabeau Sampaio, Rubem Martins, Lênio Braga, Calazans Neto e Dorival Caymmi.

Artista atuante, em 1950 participou, pela primeira vez, do Salão Baiano de Belas Artes e da Mostra Novos Artistas Baianos, acontecimento considerado como marco inicial da arte moderna na Bahia. Em 1951, participou da 1ª Bienal de São Paulo e, em 1953, executou o painel “Evolução do Homem”, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador. Nos anos 60 realizou uma importante exposição com trabalhos abstracionistas no Museu de Arte Moderna na Bahia – MAM/BA e, em 1965, realizou a sua primeira individual em São Paulo.

Em 1966, já consagrado no Brasil, Jenner Augusto inicia uma exitosa carreira internacional. Esteve, a convite do governo americano, nos Estados Unidos, para inaugurar a mostra “Baianos na Filadélfia”. Nos anos seguintes, sempre como convidado, participou de exposições coletivas na Itália, na Holanda, na Inglaterra, na Espanha e em Portugal. Fez, com grande sucesso, exposições individuais na França e na Bélgica, onde conhece Paul Delvaux. Na década de 90, Salvador recebeu uma galeria de arte em sua homenagem, chamada Espaço de Arte Jenner. Em 1995, foi comemorado na Bahia o cinquentenário de suas atividades artísticas. Em 2002, a Sociedade Semear lhe prestou justa homenagem, dando o seu nome à Galeria de Arte.

Em 2011, a Sociedade Semear realizou na Galeria Jenner Augusto, em Aracaju, uma exposição retrospectiva com o lançamento do livro “Jenner, Vida e Obra”, de Mário Britto e Zeca Fernandes; no ano seguinte, essa obra foi relançada, em Salvador, pela Catabas Empreendimentos Imobiliários, em comemoração aos vinte e cinco anos de fundação da construtora.

Em 2012, foi realizada a exposição “Jenner, Cores de uma Vida”, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, com o lançamento de livro homônimo, também de autoria de Mário Britto e Zeca Fernandes.

Na sua pintura, cuja matéria-prima original é a sua alma, retratou o sertanejo, a seca, a enchente, cenários sergipanos e cenas da ensolarada e multifacetada Bahia. Compôs, ainda, com maestria ímpar, naturezas-mortas; camponeses e meninos de engenhos; retratos de amigos e familiares.

Inspirado no bairro pobre de Alagados, periferia de Salvador, Jenner fez uma pintura essencialmente social e de protesto, denunciando a vida inumana de seus moradores. Através desse importante momento em sua iconografia, iniciado em 1963, alertou a subvida dos seus habitantes, que, no dizer do poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, nos Alagados: “morrem sem viver”.

Jenner Augusto não transferiu para a sua arte, como a maioria das pessoas de vida mais difícil faz, os seus desencantos e as suas amarguras, pelo contrário, preservou, por todo tempo, a sua alegria de viver. Em sua pintura, quando fazia, por exemplo, os seus coroinhas, se “encarnava” em um deles, e, regido pelas suas lembranças de menino em Sergipe, retratava-os, ora brincando de bola ou de peteca, ora empinando pipas ou andando de bicicleta, ora indo à praia para pescar ou fazer piquenique ou, ainda, indo ao campo para colher flores e frutas.

Na verdade, Jenner Augusto, em seu extraordinário processo criativo, pintou de tudo e, como disse Jorge Amado, que o conhecia como poucos, “pintou com as cores de sua terra”, e, por essa razão, “há em cada um de nós alguma coisa da luz, da emoção, da beleza que ele criou”.

Por Mário Britto

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Última atualização: 27/02/2014 07:04.